domingo, 18 de julho de 2010

A difícil missão do horário das 19h.


Chegou ao fim nesta sexta-feira, dia 17, a trama Tempos Modernos, de Bosco Brasil. Antigo colaborador de Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva na Rede Globo, Bosco esteve na Rede Record recentemente, onde co-assinou a trama Bicho do Mato, sucesso de audiência no canal. A missão era ingrata - e todos, inclusive ele, sabiam disso - em seu retorno à Rede Globo: Bosco substituiria o sucesso Caras & Bocas, de Walcyr Carrasco, na sua primeira novela como autor titular.

Ao contrário da maioria das pessoas, eu assisti a novela do começo ao fim - e acreditem: adorei. Vi pouquíssimos pontos fracos na novela e curti muito o texto de Bosco Brasil. Bosco criou personagens humanos, frios e quentes ao mesmo tempo, até mesmo viscerais. Todos os atores brilharam em seus papéis e os diálogos eram teatrais, perfeitos, profundos.

A novela, porém, não foi bem de audiência. Terminou com 24 pontos na média geral em São Paulo, empatando com Três Irmãs (2008), de Antônio Calmon, como o pior ibope do horário. Só que há uma diferença entre a primeira e a segunda: ao contrário da novela de Calmon, a audiência de Tempos Modernos foi ascendente, rompendo a barreira dos 30 pontos na semana final - número alto para o atual quadro de audiência do horário.

Voltando à crítica da novela, fiquei maravilhado e apaixonado pela Eliane Giardini, com sua doce e feroz Hélia, assim como me encantei de vez pela Malu Galli como Iolanda. Cheguei a não gostar de Leal e Hélia terminarem separados, mas vislumbrei aí mais uma grande lição da vida que o Bosco me trouxe de bandeja: há casais que se amam, mas não podem viver juntos. Um anula o outro. Este é o caso dos personagens de Giardini e Fagundes, que viveram um amor fortíssimo, mas terminaram separados.

Dei muitas risadas com Regiane Alves e sua perua Goretti, aprendiz de mãe, sempre pronta para dar um piti. Fernanda Vasconcellos esteve perfeita, passando emoção e verdade nas cenas mais difíceis. Priscila Fantin brilhou em um papel secundário - requisito que, aliás, ela mesma exigiu para participar da novela. Thiago Rodrigues e Danton Mello foram muito bem em seus papéis também. Faço uma ressalva a Otávio Muller aqui, que parece sempre interpretar os mesmos personagens canastrões e bonachões, patetas e tolos ao extremo. Sei que ele pode muito mais que isso!

Quanto aos demais: Marcos Caruso esteve perfeito como o vilão Niemann! Ele finalmente ganhou um papel que pôde revelá-lo como o ator brilhante que é. Felipe Camargo voltou às novelas em grande estilo! Muito bom revê-lo em cena! Paula Possani roubou toda a trama final só pra ela, hein?! E ainda teve um final a la Bia Falcão, quem diria!

Para terminar, quero falar de duas atrizes que também estiveram na novela: começo pela Grazi, que me surpreendeu DEMAIS! Meu Deus... essa menina melhorou muito! Merece todos os parabéns do mundo! Agora eu posso chamá-la de atriz sem preconceito algum, com certeza. Por último, Viviane Pasmanter! Uma pena ela ter saído por volta do capítulo 50, devido a problemas pessoais. A Regeane era uma personagem fantástica, que tinha um enorme potencial pra ser explorado. Porém, Bosco Brasil fez da perda temporária da atriz uma trama de suspense e aventura, que durou até o último capítulo, onde Regeane finalmente reencontrou sua família.

Quanto ao último capítulo, sem comentários né? PERFEITO! Sem as famosas e enfadonhas cenas de casamento e nascimento de mil e um bebês e sem aquela lentidão brega que toma conta da novela neste dia. Bosco Brasil agilizou a trama até o último instante, o que nos rendeu um último capítulo emocionante e muito bacana. E, na minha opinião, deu ao vilão Niemann o pior castigo que alguém pode ter: ficar na cama para o resto da vida, sequelado e ainda ver morrer na sua frente, se atirando em uma bala que era pra ele, a filha que rejeitou anteriormente: sacada de gênio!

Nesta segunda começa Tititi. Claro que não perderei, não é? Desejo a Maria Adelaide Amaral muita força e sorte, para entrar com tudo neste conturbado horário das sete. Tem que ser autor MACHO pra escrever pra esta faixa, viu?

2 comentários:

  1. Nunca vi mas adorava a persona da Grazi, meio "Aeon Flux" ^^ Abraço!

    ResponderExcluir
  2. Esqueceu de comentar sobre a melhor sacado do fim, pelo menos pra mim, que foi o fim de Leal.

    Bosco não fez a burrada de curar o personagem no último capítulo, nem cometeu um crime ao matar o seu personagem principal.

    Deixou em aberto, com uma cena pra lá de perfeita, se Leal teria continuado mesmo com a doença ou se na verdade não havia passado de um erro de laboratório. E termina com uma frase maravilhosa: "Eu vou viver pra sempre, mesmo!".

    Enfim, novela PERFEITA. Sentirei muitas saudades.

    ResponderExcluir