quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O óbvio ululante...



Silvio de Abreu dessa vez não me pegou... não mesmo! Eu já havia apontado, há alguns posts atrás, os principais problemas - na minha visão - por qual a novela passa. É verdade que a mesma vem reagindo nos números da audiência, lugar-comum para as novelas da faixa das 20h após o capítulo 100 (estamos na casa dos 120, se não me engano).

Não venho assistindo PASSIONE, mas queria falar sobre esta novela.

Por que comecei o post com aquela frase de efeito?! É simples: durante a semana passada e essa, surgiu um movimento forte para saber qual dos cinco personagens previstos morreriam. Estava bem claro: o autor já havia decidido há muito tempo qual deles matar - e acredito que o motivo da morte e seu assassino também já estejam decididos na cabeça de Silvio.

O que me surpreende é ver o autor, que foi capaz de segurar um segredo envolvendo uma trama de assassinatos em A PRÓXIMA VÍTIMA (1995) ou a explosão de um shopping em TORRE DE BABEL (1998) foi capaz de criar um joguete tão ridículo, especulando mortes como as da protagonista Diana (Carolina Dieckmann) ou do principal vilão, Fred (Reynaldo Gianechinni).

O público, aliás, aproveitou para escolher a personagem de Dieckmann como a cruz que a novela carrega, esquecendo que é a mesma que movimenta a ação em boa parte das tramas. A culpa deve-se muito mais ao personagem fraco que à interpretação de Carolina, que é uma ótima atriz.

Silvio nos brindou com uma morte óbvia e brincou novamente com seu público. Isso pode ser perigoso. O autor é capaz de tramas maiores e bem mais complexas que esta, sem sombra de dúvida. Esse fato todo, criando um grande mistério, que depois é resolvido com um final bobo e óbvio, já foi utilizado em BELÍSSIMA (2006), onde se descobriu que a grande vilã que arquitetava os planos todos da novela era a própria Bia Falcão.

Outro ponto que muito me incomoda é o tal do segredo do Gerson. Acho que já passou da hora dele ser finalmente revelado - e que venha algo que SURPREENDA! Em A FAVORITA (2008), segundo a sinopse original, o autor João Emanuel Carneiro revelou o segredo da assassina por volta do capítulo 50 - não me lembro, mas acho que foi um pouco antes ou depois -, dando ao público a possibilidade e o gosto de ver a personagem Flora, de Patrícia Pillar, se transformar numa vilã que marcou época na televisão.

O público desse tipo de novela quer ser surpreendido e pede por isso. Não adianta esfregar um vilão a novela inteira na cara das pessoas e torná-lo o grande mestre dos planos mirabolantes, quando a graça é justamente ver algum "bonzinho" se revelando inesperadamente. Gilberto Braga fez isso duas vezes, em VALE TUDO (1988) e FORÇA DE UM DESEJO (1999). O próprio Silvio, como disse anteriormente, também já o fez em suas novelas. A prova está no video abaixo.

Assistam e tirem suas conclusões.


Quero deixar bem claro duas coisas, pra terminar: não tenho absolutamente NADA contra o autor. Apenas deixo claro que esperava mais dele. Também não acho que PASSIONE seja uma novela assim tão horrível... apenas acho que ela possui uma qualidade bem abaixo do que poderia ser esperado, mas ainda vejo coisas boas, como a atuação de Gabriela Duarte - que tem me feito rolar de rir em suas cenas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Reestreia de VALE TUDO: vale a pena ver de novo!



Pessoal, estreia hoje no canal VIVA a reprise a maior novela brasileira de todos os tempos. Ao lado de O DONO DO MUNDO e CORPO A CORPO, também de Gilberto Braga, essa novela apresentou-se como a perfeição na história dos folhetins diários.



VALE TUDO foi simplesmente uma novela onde, nas palavras de Gilberto Braga e Aguinaldo Silva na coleção AUTORES, tudo pegou desde o início. A discussão de valores como a ética, a moral e a boa conduta no dia a dia confrontou personagens como Raquel Acioly e Odete Roitmann. A elite brasileira arrogante e intolerante contra o povo que trabalhava e subia na vida honestamente.

Tudo isso, tendo como pano de fundo a direção genial e sempre maravilhosa de Dennis Carvalho. Coroando a estória, Glória Pires no papel da vilã Maria de Fátima, que começa a novela vendendo a casa em que mora mãe e termina-a vendendo o próprio filho, gerado em sua barriga.

O Brasil, recém-saído da Ditadura Militar e que aprendia a conviver novamente com a democracia e o voto direto e obrigatório, abraçou a causa e se identificou prontamente com a novela.



Dramas como ascenção social e econônimca, alcoolismo, relações frágeis de parentesco e preconceito social também estão bem presentes. Temas que, inclusive, continuam atuais e sendo abordados em novelas até os dias de hoje, 22 anos depois da exibição original.



Excelente elenco, excelente direção e excelente trilha sonora (confira no link). Meu sonho é rever essa obra por completo, em seus 203 capítulos. Sonho esse que realizo a partir de hoje, de segunda a sexta, à 0h45. Obrigado, VIVA!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Araguaia?

Caramba, hoje estreiou a nova novela das 18h, Araguaia. Não posso dar opinião sobre esse início, pois estive fora durante a exibição. Aliás, pra eu voltar a ver uma novela das 18h, acho que vai ser difícil... o horário não favorece em nada!

A trama vem com a difícil missão de substituir Escrito nas Estrelas, de Elizabeth Jhin, autora que cresceu MUITO em sua segunda novela solo. A obra, aliás, foi a maior audiência da Globo desde Eterna Magia (2007), primeira novela de Jhin.

Postei sobre o autor Walther Negrão há um tempo atrás, sendo que minha opinião sobre ele continua a mesma: é um ótimo autor, porém esqueceu sua criatividade e sua veia de novelista em algum lugar do ano passado - mais precisamente dos anos 90.

O capítulo de estreia marcou 26 pontos na prévia, um número considerado bom para os dias atuais. Resta saber se o autor resistirá às provas que a Globo está impondo a ele, como escrever no horário de verão e do fim de ano (quando o número de tvs ligadas cai assustadoramente, principalmente no horário das 18h). Negrão, aliás, não tem dado sorte nesse quesito. Suas duas últimas novelas (Como Uma Onda/2004 e Desejo Proibido/2007) foram ao ar em épocas semelhantes a esta de agora.

A abertura parece bonita, mas não prende. A única coisa legal foram os efeitos de transição entre as cenas, que aparecem congeladas. A música é de dar sono... confira abaixo:



Acho uma pena também o fato de Regina Duarte durar poucos capítulos na trama, uma vez que ela anda afastada da televisão e carecendo de algum papel de destaque na teledramaturgia. Porém, ainda nos sobram os talentosos Lima Duarte e Laura Cardoso, felizmente.

Murilo Rosa e Cléo Pires não me agradam como casal protagonista. Novamente também vemos duas mulheres disputando o amor do mocinho. Acho que seria mais interessante, a título de novidades nas novelas, inverter o triângulo... por que não dois homens disputando o amor de uma mulher?

Acho cedo demais para julgar uma obra, mas acho que dificilmente irei parar o que estou fazendo no horário pra assistí-la. Tenho preferido, por exemplo, acompanhar o remake de Tititi, que está arrasando.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sete Pecados?! Errou... e errou feio!



Gente, eu havia dito há algumas postagens atrás, antes sequer das chamadas das novelas começarem a passar na programação. Sete Pecados (2007) foi um erro para jamais ser reprisado, ao contrário de novelas ruins de audiência, mas merecedoras de uma reprise, como foi o caso de Força de Um Desejo (1999).

A salada de Walcyr Carrasco, sua primeira incursão no horário das 19h e nas tramas contemporâneas, não vingou! O autor escalou seu elenco habitual, composto por Priscila Fantin, Elizabeth Savalla, Malvino Salvador e Nivea Stelmann, entre outros. A ideia dos núcleos que representavam os sete pecados tropeçou feiamente, dando espaço ao folhetim convencional do meio pro fim da novela. Cláudia Raia foi varrida do elenco por atritos com o autor, segundo correm as fofocas de bastidores.

Criaram-se novamente as famosas situações extremamente "Walcyrnescas", onde ocorriam as cenas de flagrantes de traições com o suposto traidor dopado e carregado para a cena do crime - caso da personagem de Giovanna Antonelli. Ou então aconteciam os mil casamentos, onde sempre o noivo ou a noiva passavam por algum problema e acabavam não casando. Isso sem contar os personagens fora do tom e exageradamente "palhacescos", mais uma vez o caso de Savalla e Malvino Salvador, vivendo mais do mesmo.

Acho o texto de Walcyr Carrasco MUITO fraco... seus diálogos são sofríveis e ele não se renova. Em Caras & Bocas (2009) já notei uma leve melhora, mas não consigo acompanhá-lo. Porém, admito que ele é um autor extremamente folhetinesco e o público admira esse tipo de obra. O telespectador brasileiro das novelas gosta de ver sempre o mesmo formato, infelizmente. A tv está fechada para inovações neste quesito!

Bom... quanto à reprise deste "Grande Sucesso", segundo o locutor das chamadas, a audiência - que já patinava por volta dos 16 pontos na reprise de Sinhá Moça (2006), antecessora no horário - caiu para ridículos 10/11 pontos nesta primeira semana. Um índice pífio! Se Silvio Santos for esperto, coloca alguma novela mexicana de forte apelo ao público pra brigar pela liderança na audiência.

Essa queda era previsível, pois em decisão tomada pela emissora em Março, a Globo optou pela reprise de novelas com "menos sucesso" na faixa de tarde, pois os anuniantes queriam redução na faixa de preço do horário noturno, dado que a audiência estava praticamente igual nestes dois momentos em muitos dias. Com isso, entrou Sinhá Moça no lugar de Alma Gêmea (2005), outra novela de Walcyr Carrasco.

E o público do horário, que clama por grandes sucessos dos anos 90 e até mesmo novelas mais recentes que foram de grande sucesso, fica a ver navios... uma pena!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Malhação: até quando aguentaremos isso?

Pessoal, é fato: tudo na televisão tem um ciclo, que pode ser curto ou longo. Um fator principal contribui com isso: audiência (aceitação do público).

O seriado Malhação, no ar desde 1995, parece ser inatingível por tal lógica na televisão. Está no ar há exatos 15 anos e nunca sai da grade da programação da emissora Globo. O programa já foi uma academia de ginásticas, passou por uma fase mista e virou finalmente um colégio, onde os adolescentes interagem e vivem seus rolos e confusões por cerca de um ano, até entrarem novas estórias em cena.

O programa chegou a ter grandes índices de audiência, entre as temporadas de 2001 e 2004, quando apostou em rostos que já rondavam a emissora. A temporada de 2002, protagonizada por Juliana Silveira e Henri Castelli (FOTO), foi considerada a de maior sucesso da história do programa. Em 2004, com Juliana Didone, Guilherme Berenguer e Marjorie Estiano, o programa chegou a bater na casa dos 40 pontos, índice considerado EXCELENTE para o horário na época, inatingível hoje até para a novela das oito.



Nessa época, os rostos que apareciam na série eram mais conhecidos e uma parte maior do elenco costumava transitar entre uma temporada e outra, adaptando melhor o público às novas fases do programa. O seriado ainda contava com futuros autores de prestígio na emissora, como Andréia Maltarolli e Emanoel Jacobina, que tornavam a novelinha algo mais consistente e mais amarrado, sem o tão enfadonho tom do "vamos aprender em frente à tv".

O que se vê hoje no programa é um grupo de novos atores adentrando nos cenários a cada nova temporada do programa. A fórmula também está desgastada para o grande público: muito se falou dos problemas da adolescência, como gravidez, amor entre classes e raças, drogas, DSTs, obesidade, homossexualidade, rebeldia e distúrbios psicossociais. Porém, a maneira como esses assuntos são abordados são sempre os mesmos e já cansaram o telespectador.

Poucos atores das atuais fases de Malhação são aproveitados futuramente pela emissora em outros programas, isso para nem lembrar dos muitos que foram fazer novelas e programas em outros canais. Puro desperdício da Globo... por onde andam, por exemplo, Fernanda Nobre, Ludmila Dayer, Fábio Azevedo, Juliana Silveira, Mário Frias, Roger Gobeth, Gisele Frade e Sérgio Hodjakoff? Aposto que você nem lembra de muitos desses nomes, não?

A audiência atual da novelinha é um desastre e não se sabe por quanto tempo ela irá perdurar na grade da Vênus Platinada... o negócio é torcer pra não arranjarem algo pior pra tapar o buraco quando a casa cair, não é mesmo?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Panelinhas autores/diretores/atores... ganhamos ou perdemos?



Na história das novelas no Brasil, sempre se observou uma forte tendência entre as equipes de produção de se reencontrarem em trabalhos futuros. Muitos são os exemplos nesses casos. Gilberto Braga, por exemplo, trabalha com Dennis Carvalho desde VALE TUDO (1988) e não parece querer outro diretor nas suas obras. Além disso, o autor aprecia muito as presenças de Glória Pires, Malu Mader, Antônio Fagundes, Fábio Assunção, Joana Fomm, Cláudia Abreu e Reginaldo Faria em suas novelas. Joana e Cláudia, aliás, não participaram de PARAÍSO TROPICAL (2007), mas estavam escaladas até a última hora.

Walcyr Carrasco trabalhou com Jorge Fernando desde CHOCOLATE COM PIMENTA (2003). Sua próxima novela das 19h, ainda sem título definido, contará com a presença de Rogério Gomes, já que Jorginho está envolvido com TITITI (2010), sua antecessora no horário. O autor também conta sempre com Elizabeth Savalla em suas obras, fato que eu contesto: a atriz, que possui uma força ímpar no olhar e gestos de suas personagens, acabou ficando marcada por tipos pastelões em suas parcerias com o autor.

Aguinaldo Silva já declarou publicamente seu amor a Wolf Maya, diretor com quem trabalha desde SENHORA DO DESTINO (2004). Aguinaldo ainda ama Susana Vieira, Renata Sorrah e Marília Gabriela. Silvio de Abreu vem de uma bem sucedida parceria com Jorge Fernando em suas novelas das 19h dos anos 80 e 90, trabalhando também com Fernanda Montenegro e Cláudia Raia, sempre que possível.

Carlos Lombardi não esconde sua admiração por Betty Lago, assim como Manoel Carlos por Regina Duarte. Maneco, aliás, encontrou dificuldades em ter seus trabalhos bem sucedidos quando a parceria com o diretor Ricardo Waddington se desfez, depois de MULHERES APAIXONADAS (2003). O diretor parecia saber dar ritmo veloz e empolgante ao texto calmo e poético do autor.

Antes da parceria Aguinaldo-Wolf existir, Marcos Paulo e Paulo Ubiratan foram os grandes mestres da direção das novelas regionalistas de Aguinaldo Silva, como TIETA (1989), PEDRA SOBRE PEDRA (1992), FERA FERIDA (1993), A INDOMADA (1997) e PORTO DOS MILAGRES (2001).

Bom... citei todos esses exemplos para chegar a uma seguinte pergunta: até onde essas parcerias são boas e ruins ao público televisivo? Temos visto atores interpretando sempre os mesmos tipos de personagens, não explorando seus potenciais de verdade nas novelas. A dobradinha Silvio-Denise deu a PASSIONE (2010) um ar parecidíssimo com o de BELÍSSIMA (2005/06), trabalho anterior da dupla. O mesmo caso foi observado em PÁGINAS DA VIDA (2006) e VIVER A VIDA (2009), trabalhos de Manoel Carlos dirigidos por Jayme Monjardim.

Essa criação dos grupos de trabalho fechados acabam excluindo alguns atores da televisão, pois as panelinhas estão quase sempre fechadas em si mesmas. Jorge Fernando, por exemplo, chamou grande parte do elenco de CARAS & BOCAS (2009) pra atuar em TITITI (2010). Mal houve tempo entre uma novela sair do ar e a outra entrar... e as mesmas caras estavam lá! E nem adiantou dar papel diferente pra um ou outro ator, pois ainda vem a essência do trabalho anterior quando avistamos aquele rosto na tela.

Enquanto isso, muita gente de talento permanece fora do ar. Não se sabe se por opção própria, para se dedicar a outros trabalhos (teatro, cinema) ou se por simples falta de convite mesmo... por curiosidade, onde estão Rita Guedes, Maria Padilha, Eduardo Moscovis, Carlos Bonow, Eva Wilma, Regina Duarte, Selton Mello, Wagner Moura, Alessandra Negrini, Françoise Fourton e Nuno Leal Maia?

Ao mesmo tempo, acho que alguns atores deveriam dar um espaço maior entre um trabalho e outro. Descansar mesmo a imagem, sabe? Existem atores que ficam muito marcados por um personagem, caso de Patrícia Pillar, que está de férias da televisão desde o fim de A FAVORITA (2008) e, pelo que ouço falar por aí, só voltará ao video na próxima novela de JOÃO EMANUEL CARNEIRO. Acho muito válido um ator trabalhar nessas condições, pois pode nos oferecer um personagem melhor e mais bem lapidado a cada vez que aparece para o grande público.

Li de Selton Mello essa semana que a tv é o veículo que fala a todo o Brasil, desde o bairro onde moramos até a extrema fronteira do Acre. Acho corretíssimo e reforço a frase dele: vamos cuidar melhor desse nosso meio!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eleições e a tv: o inferno é aqui e agora!



Eu, você e todo mundo já vimos: começou ontem a propaganda política obrigatória, que nos concede uma hora e quarenta minutos totais diários de pura confrontação ideológica e política, usando o povo como fantoche. Não sei qual a sua opinião a respeito do horário político, mas eu procuro assistir quando posso... gosto de ver de que maneira está sendo empregado o dinheiro arrecadado pelos partidos.

Hoje, para o meu deleite, pude ver uma das candidatas ao governo do meu estado (Santa Catarina) brincando de ser Ana Maria Braga em seu tempo de propaganda política. Ela "atuava" em um cenário parecido com o do programa da loira global e ainda tinha ajuda da ave Louro "Zezé". De chorar, não?

Candidatos a cargos no legislativo falando em ritmo de narrador de futebol, espremidos em 15 segundos, para aproveitar melhor o tempo. E os candidatos a reeleição então... exibindo suas obras mal acabadas e choros de eleitores, que juram ter tido as vidas modificadas pelas mãos mágicas desses políticos. Tudo isso, regado a muitos jingles e bordões de fazer inveja a qualquer setor de marketing de loja de departamento.



Ouço ainda reclamações acerca de a sua novela favorita estar começando vinte minutos mais tarde, ou o jornal de esportes estar indo ao ar um pouco mais cedo. Acredite: se você não gosta de ver a programação alterada, menos ainda gostam as emissoras de tv, que perdem faixas de programação - inclusive de horário nobre - para a propaganda política e deixam de arrecadar com os anunciantes da programação normal. Fora que a tendência natural da audiência é desabar, pois o horário eleitoral derruba o share (número de televisores ligados). As pessoas desligam suas televisões e vão fazer outras coisas durante esses cinquenta minutos.

E hoje, mesmo com advento da internet e das ferramentas sociais, inclusive com muitos candidatos criando twitter e blogs, essa faixa da programação televisiva continua sendo cedida aos partidos políticos, que esbanjam dinheiro na produção de propaganda política. Isso sem falar nos panfletos, outdoors e cartazes, que emporcalham nossas cidades e não são totalmente retirados após o segundo turno.

Eu, como cidadão brasileiro, aconselho vocês a tentarem acompanhar a propaganda. Especialmente se você ainda não sabe em quem irá votar! Assista, avalie e discuta com você mesmo essas questões. Depois de eleger ou tirar alguém do poder, não adianta botar a boca no mundo. O povo se manifesta agora... depois, é com ELES!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O rei do Nordeste.



Gente, Aguinaldo Silva é O cara. Quem nasceu nos anos 80, como eu, pôde conhecer sua época de ouro e aprender a amar esse autor. Li várias entrevistas em que ele conta que se inspirou fortemente em sua infância pra criar os personagens e enredos nordestinos de suas novelas regionalistas. Aguinaldo sempre acerta nessas horas... SEMPRE!

Vamos às novelas que aprendi a amar desse autor: TIETA (1989), PEDRA SOBRE PEDRA (1992), FERA FERIDA (1993), A INDOMADA (1997) e PORTO DOS MILAGRES (2001). Isso sem contar seu trabalho em ROQUE SANTEIRO (1985), onde aceitou ser creditado como colaborador, mas tem grande mérito na realização da obra. Aguinaldo Silva cria sotaques e seres maravilhosos, cercados por lendas e crendices. Quem não se lembra da mulher de branco, em TIETA, ou do cadeirudo em A INDOMADA?

Cercado por atores feras, que transformam seus personagens em figuras memoráveis da dramaturgia, o autor fez o Brasil parar para ver Betty Faria interpretando nas telinhas o papel que coube a Sônia Braga nas telonas, em 1989. Cenas inteiras sem uma fala sequer se tornaram antológicas. Tudo isso regada a muita trilha sonora de excelente qualidade e uma produção que deixa as novelas dos anos 2000 no chinelo, confira:



Enfim... tenho muita saudade dessa porção regionalista de Aguinaldo Silva. Não que ache que ele não saiba escrever novela urbana... SENHORA DO DESTINO (2004), de sua autoria, é uma das melhores novelas que já assisti. É apenas saudade de uma época muito boa que parece que vai ficar apenas no passado, hehe. Espero que eu esteja errado e possa voltar a ver os personagens e estórias fantásticas, que marcaram toda uma geração de noveleiros. É isso aí... e pra vocês ficarem com um pouco mais de água na boca, mais uma cena da novela TIETA, pra gente matar as saudades juntos:

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Vale a pena ver de novo MESMO?!

Caraca, é impressionante isso! Duas semanas atrás, circulou um boato de que a próxima novela a ser reprisada na faixa vespertina VALE A PENA VER DE NOVO seria SETE PECADOS (2007), de Walcyr Carrasco. Aguardei um pouco para ver se a informação batia, mas como SINHÁ MOÇA deve se estender até Setembro, resolvi escrever agora.



Caso este informação se torne verdadeira, eu acho simplesmente um absurdo o que está acontecendo. Uma emissora como a Rede Globo, que possui novelas maravilhosas dos anos 80 e 90 em seu arsenal, jogando na programação uma novela que patinava na audiência e foi duramente criticada na época? É um pouco demais pra minha cabeça... mas vamos às razões da escolha, alegadas pela emissora: em primeiro, a exibição seguida de SENHORA DO DESTINO e ALMA GÊMEA na faixa vespertina, durante o ano passado, alavancou o ibope do horário, igualando-o muitas vezes ao das novelas das 18h e 19h que eram exibidas, como PARAÍSO, CAMA DE GATO e TEMPOS MODERNOS. Com isto, os anunciantes das faixas noturnas queriam redução no valor cobrado pela emissora para anunciar, pois de tarde o valor era bem mais barato e a audiência era praticamente a mesma. Com isto, a Globo se viu praticamente obrigada a exibir tramas de menos sucesso no horário, na esperança de que a audiência da faixa vespertina voltasse à casa dos 15 pontos e isso salvasse seus anunciantes noturnos. Sim, você leu certo: SINHÁ MOÇA inaugurou uma nova era nas reprises do VALE A PENA VER DE NOVO.

Problema número 2: o Ministério Público anda no pé dos autores de novelas e suas estórias. Novelistas como Duca Rachid e Thelma Guedes, responsáveis por CAMA DE GATO (2009), reclamaram que em qualquer armação da vilã Verônica (Paola Oliveira), elas eram notificadas pelo MP. Segundo uma delas, Verônica seria uma vilã muito pior e mais cruel. Isso mesmo, você não ouviu errado! Após 21 anos de ditadura militar no Brasil, a censura volta a imperar na televisão! E não é só isso: a novela TEMPOS MODERNOS, finalizada há quase um mês, foi reclassificada para maiores de 12 anos e só não teve sua exibição inviabilizada porque o Ministério Público tomou essa decisão após o último capítulo da mesma. Os autores das faixas das 18h e das 19h estão sofrendo todo tipo de censura e poda, forçados a contarem suas novelas na forma de água com açucar. De pensar que a Globo já exibiu tramas como MULHERES DE AREIA (1993) às 18h... ai, ai!

Com isso, a emissora está oficialmente PROIBIDA de reprisar novelas que não estejam marcadas com a classificação etária LIVRE no horário vespertino das reprises. Esqueçam todas as novelas das 20h e algumas das 19h... a emissora até cogitou reprisar COBRAS & LAGARTOS (2006), excelente trama de João Emanuel Carneiro, mas esbarrou na reclassificação do MP, que reclassificou a novela para 12 anos e deixou que a emissora terminasse sua transmissão na época com a promessa de que a novela não voltaria no horário vespertino futuramente.

A emissora usa o canal VIVA como "desculpa oficial" para não reprisar mais as novelas mais antigas, mas isso não cola... a tesoura tá passando forte na Globo, e não é a tesoura dos estilistas de Tititi...

Quanto à SETE PECADOS, foi a primeira novela de Walcyr Carrasco no horário das 19h, sendo também a sua primeira trama contemporânea. Não me agradou! Walcyr, na minha opinião, não sabe escrever tramas atuais e peca em vários quesitos: seu texto é infantil e desglamouriza os atores, além do fato dele sempre trabalhar com o mesmo elenco (Elizabeth Savalla que o diga) e costumar dar a este mesmo elenco personagens quase sempre muito parecidos. Cláudia Raia, segundo informações de bastidores, foi varrida do elenco da novela, sob alegação de estar acrescentando "cacos" demais nas falas de sua personagem Ágatha. Priscila Fantin, que havia acabado de protagonizar ALMA GÊMEA (2006) fez uma patricinha muito chata, que aprontava com todos e nada sofreu por isso.

A trama dos núcleos dos pecados perdeu-se totalmente ainda no início e deu lugar a um samba do crioulo doido, onde Malvino Salvador interpretava novamente um machinho orgulhoso, que era lutador de boxe. Nivea Stelmann vivia uma sacoleira que era sua namorava e repetia todo o capítulo o bordão "Eu sou chique de doer". Duda Nagle, que havia acabado de fazer AMÉRICA (2005), novamente vivia um personagem que engravidava a namorada e se casava com ela por isso. Isso sem falar em Elizabeth Savalla, que vivia novamente uma perua rica e exagerada, cheia de trejeitos e manias. Savalla, aliás, merecia trabalhar com outros atores, pois já está muito marcada.

Mas também vi algumas coisas boas na novela: Gabriela Duarte, fazendo papel de uma diretora que tenta mudar a rotina de uma escola pública. Carla Diaz, uma menina portadora do vírus HIV, que sofre com o preconceito dos colegas. E a sempre simpática e querida Cláudia Jimenez, que nos brindou com a anja Custódia.

Minha opinião? Não merecia reprise essa novela. Não mesmo! Podiam reprisar alguma coisa mais antiga e de mais sucesso... só digo isso!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tudo errado no horário das 20h

Pessoal, eu já tinha dito há alguns posts atrás: PASSIONE é um fiasco retumbaaaaaaaaaante de Silvio de Abreu. A novela é rejeitada e a culpa cada hora cai no colo de alguém. Sobrou até pra Manoel Carlos e sua VIVER A VIDA, que antecederam a novela no horário, mas já foram embora desde Maio.



Passados dois meses e meio desde sua estreia, tudo que podemos vislumbrar neste folhetim é um colcha de retalhos de tudo que já foi escrito por Silvio de Abreu, com ênfase especial em BELÍSSIMA (2006), último folhetim do autor. Esta, uma novela com alguns acertos e muita audiência a mais, parece ser a principal fonte de inspiração de onde o autor tirou suas estórias, num copia e cola de fazer inveja a qualquer programa do meu office.

Vamos aos pontos: elenco parecido. Não adiantou substituir Cláudia Abreu e Glória Pires por Carolina Dieckmann e Larissa Maciel nos papéis de mocinhas. Os perfis continuam praticamente os mesmos. Carolina, aliás, atua muito bem, mas não me desce sempre nesse mesmo tipo de personagem - quando atuou em papéis diferentes, como a Leona em COBRAS & LAGARTOS (2006), arrasou. Tony Ramos interpretando novamente algum estrangeiro de sotaque forte não nos lembra o mesmo Nikkos de BELÍSSIMA? Isso sem falar em seu último papel, um indiano em CAMINHO DAS ÍNDIAS (2009). Tony, aliás, merece umas férias maiores entre uma novela e outra, como faz Antônio Fagundes. Fernanda Montenegro, novamente em parceria com o autor, vive outra vez uma milionária. Porém, desta vez sua índole é boa e a personagem passa os capítulos a sussurrar "Meu Deus, meu Deus!" pelos cantos da casa... chega a me dar saudades da Bia Falcão. Por último, um mesmo Marcelo Antonny cercado por um mistério, igualzinho ao André que vivia falando ao celular com um desconhecido em BELÍSSIMA.



O autor tentou inovar também, é verdade: trazer Mariana Ximenes num papel de vilã (FINALMENTE!!!) e dar a Aracy Balabanian um grande papel foram duas sacadas de gênio do personagem. Porém, Reynaldo Giannechini tem deixado a desejar na sua atuação. Mayana Moura é outra que não me desce, ainda mais quando penso que o papel seria de Alessandra Negrini. Nesse ponto, há um boato de que a mesma saiu da novela pelo fato do papel não estar à sua altura. Não sei até onde isso é verdade...

Direção: a parceria com Denise Saraceni, tão comemorada em BELÍSSIMA, se repetiu. Mas desta vez sem a mesma afinidade vista da outra vez. A edição dos capítulos está ruim, desde os cortes para os intervalos até o gancho final do capítulo, passando pelas músicas incidentais de cada cena. Há personagens secundários demais na trama - e a maioria deles é sem graça e interpretado por atores sem carisma -, o que atrapalha o andamento da novela em seu núcleo principal.

Silvio aposta em mortes misteriosas, que apagarão vários dos personagens principais da trama e começarão a acontecer por volta do capítulo 100 (estamos agora na casa dos 70). A trama de suspense do autor é muito boa, mas espero que ele dê à solução do caso uma atenção e uma definição melhor e mais surpreendente do que a de BELÍSSIMA, quando se descobriu que a grande vilã Bia Falcão é quem era a grande armadora das mortes misteriosas da novela.

A audiência por enquanto vem patinando na casa dos 35 pontos, o que está longe de ser bom para um horário em que a emissora espera entre 40 e 45. A média geral da novela é 32, o PIOR número da história das tramas das oito. E o mais chocante: Silvio dificilmente perderá este posto, já que VIVER A VIDA, com seus 209 capítulos, fechou com 36 pontos de média geral.

Silvio de Abreu deverá sair do horário nobre depois de PASSIONE, pois escreverá o remake de GUERRA DOS SEXOS EM 2013, quando a exibição original da trama completar 30 anos. É torcer para que o autor esteja mais inspirado em seu próximo trabalho. E é torcer também para que Gilberto Braga e Ricardo Linhares, aliados à Dennis Carvalho e um grande elenco (falarei desta novela em breve) façam bonito a partir de Janeiro de 2011, com INSENSATO CORAÇÃO.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Driblando a saudade.

Pessoal, o que foi a chegada desse novo canal VIVA na grade da televisão a cabo, hein? Pra quem morre de tanta nostalgia da tv de antigamente, como eu, foi um golaço de placa!



Reprises de grandes sucessos, como a novela QUATRO POR QUATRO (1994), fazem valer a pena cada minuto gasto na programação do canal. A novela aliás, grande sucesso de Carlos Lombardi, vem acompanhada da reprise de POR AMOR (1997), um fenômeno de Manoel Carlos.

Fora as novelas, ainda matamos as saudades dos humorísticos mais antigos, como SAI DE BAIXO (1996), CHICO TOTAL (1996) e A COMÉDIA DA VIDA PRIVADA (1993). Imperdível!

Acompanhando a reprise de programas famosos, vemos as minisséries que fizeram grande sucesso na grade da Globo, como A CASA DAS SETE MULHERES (2003), que acaba de sair do ar. Em seu lugar, entrou a exibição de MEMORIAL DE MARIA MOURA (1994), série que trouxe Glória Pires no papel de protagonista. E ainda há a exibição de um grande acerto de Antônio Calmon: MULHER (1998/99), que traz Patrícia Pillar e Eva Wilma nos papéis das médicas ginecologistas Cristina e Marta.

Para quem não consegue acompanhar no horário de exibição normal, o canal ainda reexibe VTs gravados do Mais Você e do Video Show que foram ao ar no mesmo dia, pela Globo.

E mais, pessoal! Tá correndo um boato entre os grupos de discussão de tv que as próximas novelas a serem reprisadas serão escolhidas por nós mesmos, através de enquetes divulgadas pelo canal... mas ainda teremos de aguardar pra ver se essa informação confere... seria maravilhoso poder rever grandes obras que não foram reprisadas na faixa VALE A PENA VER DE NOVO.

Enfim... esse canal merecia ter entrado no ar há muito mais tempo. Eu mesmo já cantava essa pedra entre meus amigos e parece que alguém me ouviu, hehe... Até mais!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Horário infantil pede socorro na faixa matinal.

Gente, o que vem a ser a atual programação infantil na televisão? Chega a dar vergonha assistir esses programas ao lado das nossas crianças... os bons e velhos programas infantis dos anos 80 e 90 foram totalmente varridos da programação da tv aberta.

Enquanto isso, alguns poucos canais de tv fechados, que se dizem voltados ao público infantil, exibem atrações totalmente ruins e importadas de outros paises, como os teletubbies. Os programas legais ficaram no passado, para nunca mais voltar!



A Rede Globo, emissora tão competente nesses quesitos em outras épocas, resolveu preencher sua programação semanal com um programa ao estilo "Video Show", onde os apresentadores (totalmente sem empatia com o público infantil) aparecem por segundos no video, anunciando as atrações seguintes. Fico imaginando a cara destes apresentadores quando o diretor grita "CORTA!"... devem se sentir as pessoas mais toscas do mundo!

Chega a ser realmente lastimável que uma emissora que já preencheu sua faixa matinal com as estrelas Xuxa e Angélica esteja tão em baixa com o público infantil. A Globo perdeu grande parte do seu público justamente na faixa matutina, onde chega a apanhar no ibope pras concorrentes Record e SBT em alguns dias. Fora que o efeito de share (números de aparelhos de tv sintonizados na emissora) baixo em uma faixa do dia parece se estender aos demais horários do dia, prejudicando a média de todos os programas da casa.



Xuxa até tentou voltar à faixa matutina no início dos anos 2000, mas falhou: já na casa dos 40 anos, a apresentadora perdeu a empatia com o público infantil que a mantinha em alta na época do Xou da Xuxa. Seu outro público em potencial, os adolescentes (ex-baixinhos de outrora), ficaram carentes da apresentadora quando a mesma extinguiu o Planeta Xuxa de sua vida. Parece que o fim da parceria com Marlene Mattos não fez bem à artista.

Já Angélica migrou de público, mas ficou confinada à gincana do Video Show (que ainda tinha alguma graça quando recebia artistas da casa) e a um programa semanal em que mostra a intimidade dos artistas. O programa Estrelas, que vai ao ar todo Sábado, é muito bom e bem produzido - porém pequeno para o espaço que a apresentadora merece.



No SBT, o negócio é mais feio. Por ser uma emissora mais liberal na grade de horários, o SBT já levou ao ar novelas com conteúdo totalmente infantil em seu horário nobre. As atrações Carrossel e Chiquititas, esta última produzida em parceria com a Argentina TeLeFe, causaram verdadeiros problemas na audiência da Globo quando foram ao ar. Já as atrações infantis se resumiram ao comando de uma criança de 6 anos que tem tudo pra virar uma segunda Simony: Maísa. A menina tem muita desenvoltura e potencial em frente às câmeras, mas é muito nova para estar exposta à mídia como está sendo.

Por último, o que falar dos atuais desenhos? Com RARÍSSIMAS exceções, são PÉSSIMOS! Na minha época de criança, assistíamos clássicos dos estúdios, como Mickey e Donald, Tico e Teco, Tom e Jerry, Looney Toons, Caverna do Dragão, She-ra e He-man e Power Rangers. As crianças de hoje são educadas à base de muito desenho japonês de luta, pancadaria e violência. O que falar dos horrendos Dragon Ball e todos os seus derivados?



É difícil olhar pra televisão hoje em dia e ainda achar algo de bom entre as atrações infantis. Também nessas horas, a nostalgia me pega de jeito... e você?

domingo, 25 de julho de 2010

Autores: o que há com eles?

Pessoal, hoje quero falar de dois autores que andam em baixa na Rede Globo. Andam em baixa na minha opinião, que fique bem claro: Antônio Calmon e Walther Negrão. Ambos, autores do arrasa-quarteirão TOP MODEL (1989), não conseguiram emplacar mais os seus tradicionais folhetins de sucesso do final dos anos 90 para cá. É de se estranhar que autores tão criativos e bons de texto estejam falhando tanto e micando na audiência como estão.

Calmon, que migrou do cinema para as séries de tv e depois para as novelas, tem ótimos trabalhos no currículo, como as novelas VAMP (1991), OLHO NO OLHO (1993), CARA & COROA (1995), CORPO DOURADO (1998) e UM ANJO CAIU DO CÉU (2001). Em 2002, quando tentou repetir o sucesso da novela vampiresca, falhou feio ao escrever O BEIJO DO VAMPIRO. A obra derrubou 4 pontos de média geral em relação à anterior, a também criticada DESEJOS DE MULHER, de Euclydes Marinho. Uma outra crítica foi a escolha de Marcos Paulo como diretor geral da trama, pois quem havia dirigido a outra novela foi Jorge Fernando.



Antônio Calmon sempre trabalhou com ótimos elencos, mas não vem repetindo o sucesso que tinha anteriormente. Em 2004, co-assinou COMEÇAR DE NOVO, com Elizabeth Jhin, autora de ESCRITO NAS ESTRELAS. Ao tentar sair do universo jovem, seu público-alvo, errou mais ainda a mão e se perdeu totalmente. Nem as atuações de Eva Wilma e Marília Pêra salvaram a novela. Por último, assinou o fracasso TRÊS IRMÃS (2008), menor média geral do horário empatada com TEMPOS MODERNOS.



Na minha opinião, o ponto alto do trabalho deste autor foi a novela CARA & COROA. Christiane Torloni deu vida às gêmeas Vitória e Fernanda, que não sabiam que eram irmãs e se conhecem na prisão. A atriz marcou as diferenças entre as personagens fortemente, ao mudar o olhar e tom de voz de cada uma delas e não deixou nada a dever às gêmeas de Glória Pires em MULHERES DE AREIA (1993). Assistindo as cenas, é difícil imaginar o que aconteceu à criatividade do autor.

Já Walther Negrão, autor com mais obras na tv, escreveu sucessos sucessos como FERA RADICAL (1988), DESPEDIDA DE SOLTEIRO (1992) e TROPICALIENTE (1994). Após estes fenômenos, tentou escrever uma novela espírita: ANJO DE MIM (1996). A proposta era boa, mas a novela não cativou o público inicialmente. Em 1998, escreveu uma novela para as crianças chamada ERA UMA VEZ. Apesar de regular, a trama era o que se conhece basicamente como água com açucar. Não haviam grandes emoções!

As novelas de Negrão chegavam, passavam e não aconteciam mais como antigamente. Vimos passar em branco as obras VILA MADALENA (2000), tentativa de Walther no horário das 19h, COMO UMA ONDA (2004) e DESEJO PROIBIDO (2007). Padecendo do mesmo mal que Calmon, o autor trabalhou com grandes atores, que interpretaram alguns bons personagens. Mesmo assim, isso não rendeu uma boa audiência.



Minha novela preferida desse autor é DESPEDIDA DE SOLTEIRO, que contou com um ótimo elenco e tinha uma história interessante. Lucinha Lins viveu uma mocinha muito forte, no auge da sua beleza. Lúcia Veríssimo também estava lindíssima e fez da doce Flávia uma mulher guerreira. Sinto falta dessa atriz nas novelas. A trilha sonora de DESPEDIDA DE SOLTEIRO também era muito boa.



O que será desses dois autores no futuro? A resposta é difícil de prever, mas Walther Negrão vem aí no horário das 18h, após ESCRITO NAS ESTRELAS, com uma trama de interior chamada ARAGUAIA. Enquanto isso, Calmon já disse em uma entrevista que pretende escrever uma terceira novela sobre vampiros em breve. É aguardar para ver, torcendo para que esses dois recuperem a sua criatividade de outrora. Até mais!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A dramaturgia fora da Vênus Platinada.

Seguindo a sugestão de um amigo, falarei um pouco de outras emissoras além da Globo no post de hoje. Embora 95% das grandes produções sejam provenientes da emissora carioca, existiram boas novelas também fora dela.



No SBT tivemos, por exemplo, a novela Pérola Negra (1998), protagonizada por Patrícia de Sabrit - que anda sumida da tv desde então. Adaptada de uma sinopse estrangeira, esta produção foi gravada por inteiro com um ano de antecedência, indo ao ar inteiramente terminada. Apesar de um roteiro simples e já abordado em tramas brasileiras, como Plumas & Paetês (1983) e Esplendor (2000), a novela apresentava um ar agradável, com boas atuações da maior parte do elenco. Assisti esta novela inteira e gostei bastante do que vi.

Não tenho o que comentar a respeito das novelas mexicanas exibidas pelo canal. Primeiro porque a dublagem, acompanhada sempre das mesmas meia dúzias de vozes dos dubladores - já reparou que a vovó Piedade tinha a voz da árvore da Pocahontas, ou então que o capitão do Titanic tinha a voz do Seu Peru? - estraga totalmente a atuação dos atores estrangeiros. Segundo porque acho nossos roteiros infinitamente superiores em criatividade e texto. E por último, porque a edição das novelas mexicanas me irrita... aquelas mil tomadas dos ambientes externos, que intermedeiam uma mesma cena, é algo meio desconexo e "tosco" pra mim.

Tendo falado de uma novela do SBT, passarei à Rede Record. Nunca consegui assistir a nada desta emissora, pois simplesmente acho lamentável a forma com que trocam de horários, jogando a programação sempre pra uma hora antes ou depois, sem mais ou menos. Tenho amigos que assistiram algumas coisas, como a estreiante Gisele Joras, escolhida em concurso promovido pela emissora, com sua Amor & Intrigas. Um amigo me disse que logo logo ela pisa na Globo... não duvido!

A vida das novelas na televisão sempre foi muito presa à Rede Globo. A única emissora que chegou a fazer sombra à mesma foi a Rede Manchete, que nos seus tempos áureos - a década de 90 - causou muita dor de cabeça com Pantanal, Mandacaru e Xica da Silva. Aliás, grande parte das equipes de atores, diretores e autores migrou para a Rede Globo, estando por lá até hoje.



Como falei anteriormente, embora as novelas da Globo estejam em baixa atualmente, ainda acho que as novelas brasileiras são as melhores do mundo. Não há país que chegue aos nossos pés na produção das mesmas. Não é a toa que elas são um dos nossos principais produtos no mercado mundial. E que assim continue, por muito tempo!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O que nos aguarda nesta próxima década?

Bem, pessoal, entramos nos anos 10. É estranho falar isso para quem já disse ter vivido nos anos 90 e 2000. Dá uma sensação de "trinta anos" batendo à sua porta, hehe. Mas não é sobre isso que vim falar hoje. Gostaria de falar a respeito de programas humorísticos da história da televisão, com destaque especial para três deles:



Na década de 80, nascia o extinto TV PIRATA. Confesso que pouco me lembro desse programa, pois sou de 1987 e me lembro apenas de flashes e alguns poucos videos na internet (santo youtube)! Porém, quem viveu nesta época de ouro da tv afirma, sem dúvida, que o programa era muito bom e merecia voltar à atual grade da televisão, ainda mais com os humorísticos que estão sendo exibidos agora. Alguns rostos famosos do humor, como Cláudia Raia, Débora Bloch, Luiz Fernando Guimarães e Diogo Villela já davam o ar de sua graça no extinto humorístico. Havia sátiras aos próprios programas da Rede Globo, como a novela Roda de Fogo, grande sucesso de Lauro César Muniz (1986) e a revista matinal TV MULHER.



Em seguida, nos anos 90, tivemos a chegada do SAI DE BAIXO. Com o elenco encabeçado por Cláudia Jimenez e Tom Cavalcante, o humorístico prometia um humor rápido, escrachado e bem bolado aos domingos de noite, após a revista eletrônica Fantástico - horário anteriormente vazio na programação da emissora. O programa começou muito bem, é verdade, mas a saída de Cláudia Jimenez após a primeira temporada abalou as estruturas do programa. Sua personagem, a insolente doméstica Edileuza, era 80% da graça do programa. A atriz Márcia Cabrita, apesar de ótima, ficou ofuscada quando assumiu o papel de doméstica da atração.



Marisa Orth brilhava no papel de uma mulher extremamente idiota e Miguel Falabella criou um inesquecível canalha, Carlos Antibes, que havia ficado pobre e não perdia a mania de escrachar todo mundo pela falta de dinheiro. Aracy Balabanian, que havia acabado de viver uma personagem malvada em A Próxima Vítima (1995) não deixava por menos e brilhou ao interpretar Cassandra Salão, viúva de um brigadeiro da Aeronáutica. Um dos pontos altos do programa eram os constantes ataques de riso de Aracy, que contaminavam todo o elenco. Sai de Baixo brilhou na grade da Rede Globo durante seis longos anos (1996-2002).



Com a chegada dos anos 2000, apareceu a série OS NORMAIS. Numa proposta totalmente inovadora, o seriado narrava a rotina de vida de um casal que não saía da condição de noivos. Rui e Vani, interpretados por Luiz Fernando Guimarães e pela EXCELENTE Fernanda Torres se colocavam nas situações mais cotidianas e também mais loucas de um casal, levando o público às gargalhadas pela empatia com as histórias contadas talentosamente pelo casal Alexandre Machado e Fernanda Young. Todo episódio contava com a participação especial de artistas que viviam personagens também engraçados. A série nos fazia encontrar recentemente com uma sensação de "Eu já vivi isso na minha vida real, com a minha família".



Em 2003, na terceira e última temporada, Os Normais ganhou a presença de Graziella Moretto e Selton Mello, que interpretavam Maristela e Bernardo, um casal de amigos de Rui e Vani. A série durou três temporadas e totalizou 71 episódios imperdíveis. Aliás, sinto muito a falta de Fernanda Torres em trabalhos na tv novamente. Sei que a atriz tem um enorme potencial pra dramaturgia, como vi em Selva de Pedra (1986) e não sei porque a mesma não volta às novelas e séries. Os Normais acabou em Setembro de 2003, deixando muitas saudades ao seu público.



Além dessas três séries que falei hoje, ainda houveram outros bons programas nessas épocas, como A COMÉDIA DA VIDA PRIVADA, humorístico baseado nos textos de Luiz Fernando Veríssimo, CHICO TOTAL, programa em que o humorista Chico Anísio interpretava seus personagens em vários quadros e a série OS ASPONES, também de Alexandre Machado e Fernanda Young, que retratava o funcionalismo público numa repartição onde as pessoas fingiam trabalhar por não haver o que fazer no local do emprego. Este último seriado, aliás, me fazia GARGALHAR em frente à tv, pois sou filho de funcionários públicos e, como todo brasileiro, já precisei destes cidadãos e fui muito mal atendido pela grande maioria dos mesmos.

Fica a pergunta para todos nós agora: qual será o futuro da vida do humor na televisão?

terça-feira, 20 de julho de 2010

A amargura do horário das oito.

Não é de hoje que as novelas das 20h da Rede Globo vêm capegando em índices considerados pífios para o horário. Tudo começou com Paraíso Tropical (2007), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que terminou 4 pontos abaixo da média geral de sua antecessora: Páginas da Vida (2006), de Manoel Carlos.

De lá para os dias atuais, as coisas só pioraram e os números foram caindo novela após novela. A meta 40, que era um número aceitável para as novelas, hoje raramente é alcançada, a não ser nas retas finais. Novelistas famosos, como Aguinaldo Silva, Manoel Carlos, Glória Perez e até o estreante em novelas das oito João Emanuel Carneiro passaram pelo horário. Nenhum deles conseguiu reerguê-lo.

A atual novela das oito, Passione, de Silvio de Abreu, é um retumbante fracasso de audiência. Patinando em médias que raramente passam de 35 pontos, dificilmente passará a média geral da antecessora, Viver a Vida, escrita por Maneco. A situação é tão delicada que a Rede Globo anda lançando chamadas dos capítulos o tempo todo na sua programação, na tentativa de reverter o quadro.

Silvio, na minha opinião de telespectador, errou feio a mão ao achar que poderia escrever uma novela ao estilo de Belíssima (2006) e arrebentar novamente na audiência, como fez na outra vez. Escalou uma já cansada Fernanda Montenegro, que já ofereceu à tv tudo que podia e está visivelmente cansada. Fernanda, que havia vivido a vilã Bia Falcão em 2006, não deveria ter voltado em outra parceria com Silvio: a imagem da personagem ainda permanece muito atrelada à da atriz. Vejo alguns outros erros pontuais, como a presença de Kayky Brito, que nunca me desceu como ator (é um rostinho bonito, é verdade), além de Carolina Dieckmann em outro papel insosso, novamente ofuscada pela atuação de Mariana Ximenes, que finalmente não está fazendo alguma coitadinha. Reynaldo Giannechinni está ruim como o vilão Fred e Tony Ramos lembro o grego Nikos, também de Belíssima, só pelo sotaque estrangeiro. Esses são alguns fatores que ajudam a entender o porquê da novela estar indo tão mal de audiência.

Esse fracasso todo é explicado parcialmente pela migração do público para outras mídias de entretenimento, como internet, cinemas e canais de tv fechada. Como a situação financeira do brasileiro também anda melhor, é provável que o mesmo ande menos tempo em frente à tv, uma diversão barata, para gastar seu dinheiro por aí.

O último grande sucesso de repercussão e público no horário foi a novela A Favorita (2008), de João Emanuel Carneiro, que transformou Patrícia Pillar numa vilã inesquecível. Carneiro, aliás, já demonstrou abertamente que conta com Pillar como protagonista em sua próxima novela. João Emanuel Carneiro, em sua primeira novela no horário, fez bonito e derrubou toda a concorrência da Rede Record, que atacou o horário de frente com Tiago Santiago, ex-colega de João na Rede Globo.



Para tentar reverter o atual quadro em que se encontra a principal faixa do horário nobre na televisão, a Globo estreia em Janeiro de 2011 uma novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, com Glória Pires no papel de antagonista, revivendo seus dias de Maria de Fátima (Vale Tudo - 1988). É esperar para ver!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Primeiras impressões de Tititi



Não tinha como não escrever sobre o primeiro capítulo deste remake. Gosto do trabalho de Maria Adelaide Amaral, sem dúvida. Acompanhei o remake de Anjo Mau (1997), com Glória Pires no papel da protagonista Nice e adorei.

A direção de Jorge Fernando não me agrada. Acho que ele abre mão dos diálogos maiores, cortando muito as cenas. O que me cansa é ver estes efeitos de transição que ele lança o tempo todo na tela, como o balde de tinta em Caras & Bocas (2009). Agora é a vez dos objetos de costura, como tecidos, tesouras e agulhas. Jorge Fernando também tem uma mania que eu já percebi: trabalhar sempre com os mesmos atores. Só neste primeiro capítulo, pude observar Guilhermina Guinle, Ricardo Duque, Rafael Zulu, Sophie Charlotte, Marcelo Barros e Hilda Rebello, todos também do elenco de Caras & Bocas. O elenco da Globo é muito grande para os diretores investirem sempre nos mesmos atores, que precisam descansar um pouco mais a imagem.

No mais, pude observar Alexandre Borges ENGOLINDO Murilo Benício, como já imaginava que seria só de assistir as chamadas. Alexandre pareceu-me que se entregou de corpo e alma ao personagem. Murilo não é mau ator, muito pelo contrário: fez o personagem que mais me fez rir em uma novela - Artur Fortuna, em Pé na Jaca (2006). Cláudia Raia continua super canastrona para mim. Malu Mader fez o certo: descansou sua imagem após Eterna Magia (2007), dando tempo ao público para sentir saudades dela. Aliás, esta novela deve estar tendo um gosto especial para a atriz, que já havia atuado na primeira versão, em 1985. Foi nesta novela, aliás, que ela conheceu Betty Goffman, atriz de quem se tornou amiga, voltando a atuar agora.

Um último comentário, quanto à abertura: muito similar à original de 1985, com mais efeitos de computação gráfica. A regravação da mesma música-tema, agora na voz de Rita Lee, foi uma escolha legal. Confira no video como a abertura do remake é parecida com a da versão original.



De uma maneira geral, gostei do que vi. É aguardar os próximos capítulos dessa novela, que parece que vai dar o maior tititi!

Show? Só se for no seu video!


Pessoal, é incrível como a qualidade do Video Show caiu tanto de uma década pra cá. Um programa que, na época de Miguel Falabella no comando, costumava trazer bastidores não apenas de televisão. A equipe de reportagem do Video Show seguia atrás de shows e turnês de artistas badalados, além de agitar nos bastidores de peças de teatro.

Os 30 minutos dedicados ao programa nos anos 90 foram esticados pra 45 em 2010. Assistimos a um festival de quadros em que os artistas conversam com eles mesmos através de montagens das falas dos seus personagens. Para encerrar o programa, diariamente, vemos Angélica há quase 10 anos no comando de um game que pouco muda e pouco empolga.

Os acertos, como o quadro FALHA NOSSA, estão cada vez mais de lado. Ao invés disso, vemos a repórter ir às ruas e caçar alguma mulher para se transformar e ficar parecida com alguma artista de alguma novela. Nada contra, mas a Xuxa cansou de fazer isso no seu extinto Planeta Xuxa. A Márcia Goldschmidt faz isso até hoje em seu programa! Sejamos um pouco mais criativos, não?

Entre os apresentadores do programa, não acho que Luigi Baricelli se encaixe no perfil: ele é melhor nas novelas. Fiorela é muito bonita, mas não tem talento pra estar ali. André Marques precisa emagrecer URGENTEMENTE, pois corre risco de não caber mais no enquadramento das câmeras daqui a algum tempo. Faço uma ressalva: Geovanna Tominaga, ex-assistente de palco de Angélica no Angel Mix, está muito bem e merece mais espaço. É segura nas entrevistas e entradas ao vivo e tem sempre o texto na ponta da língua. Nem o triste episódio com Suzana Vieira abalou sua imagem no programa. Geovanna, ao contrário, teve muito jogo de cintura e se saiu bem da situação.



O Video Show já foi uma excelente revista eletrônica. Uma pena que tenha perdido um pouco de seu encanto e magia dos anos 90. Se formos reparar bem, todos os programas que provém dessa década e continuam até os dias atuais perderam um pouco do seu encanto, vide o seriado Malhação e o dominical Fantástico.

domingo, 18 de julho de 2010

A difícil missão do horário das 19h.


Chegou ao fim nesta sexta-feira, dia 17, a trama Tempos Modernos, de Bosco Brasil. Antigo colaborador de Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva na Rede Globo, Bosco esteve na Rede Record recentemente, onde co-assinou a trama Bicho do Mato, sucesso de audiência no canal. A missão era ingrata - e todos, inclusive ele, sabiam disso - em seu retorno à Rede Globo: Bosco substituiria o sucesso Caras & Bocas, de Walcyr Carrasco, na sua primeira novela como autor titular.

Ao contrário da maioria das pessoas, eu assisti a novela do começo ao fim - e acreditem: adorei. Vi pouquíssimos pontos fracos na novela e curti muito o texto de Bosco Brasil. Bosco criou personagens humanos, frios e quentes ao mesmo tempo, até mesmo viscerais. Todos os atores brilharam em seus papéis e os diálogos eram teatrais, perfeitos, profundos.

A novela, porém, não foi bem de audiência. Terminou com 24 pontos na média geral em São Paulo, empatando com Três Irmãs (2008), de Antônio Calmon, como o pior ibope do horário. Só que há uma diferença entre a primeira e a segunda: ao contrário da novela de Calmon, a audiência de Tempos Modernos foi ascendente, rompendo a barreira dos 30 pontos na semana final - número alto para o atual quadro de audiência do horário.

Voltando à crítica da novela, fiquei maravilhado e apaixonado pela Eliane Giardini, com sua doce e feroz Hélia, assim como me encantei de vez pela Malu Galli como Iolanda. Cheguei a não gostar de Leal e Hélia terminarem separados, mas vislumbrei aí mais uma grande lição da vida que o Bosco me trouxe de bandeja: há casais que se amam, mas não podem viver juntos. Um anula o outro. Este é o caso dos personagens de Giardini e Fagundes, que viveram um amor fortíssimo, mas terminaram separados.

Dei muitas risadas com Regiane Alves e sua perua Goretti, aprendiz de mãe, sempre pronta para dar um piti. Fernanda Vasconcellos esteve perfeita, passando emoção e verdade nas cenas mais difíceis. Priscila Fantin brilhou em um papel secundário - requisito que, aliás, ela mesma exigiu para participar da novela. Thiago Rodrigues e Danton Mello foram muito bem em seus papéis também. Faço uma ressalva a Otávio Muller aqui, que parece sempre interpretar os mesmos personagens canastrões e bonachões, patetas e tolos ao extremo. Sei que ele pode muito mais que isso!

Quanto aos demais: Marcos Caruso esteve perfeito como o vilão Niemann! Ele finalmente ganhou um papel que pôde revelá-lo como o ator brilhante que é. Felipe Camargo voltou às novelas em grande estilo! Muito bom revê-lo em cena! Paula Possani roubou toda a trama final só pra ela, hein?! E ainda teve um final a la Bia Falcão, quem diria!

Para terminar, quero falar de duas atrizes que também estiveram na novela: começo pela Grazi, que me surpreendeu DEMAIS! Meu Deus... essa menina melhorou muito! Merece todos os parabéns do mundo! Agora eu posso chamá-la de atriz sem preconceito algum, com certeza. Por último, Viviane Pasmanter! Uma pena ela ter saído por volta do capítulo 50, devido a problemas pessoais. A Regeane era uma personagem fantástica, que tinha um enorme potencial pra ser explorado. Porém, Bosco Brasil fez da perda temporária da atriz uma trama de suspense e aventura, que durou até o último capítulo, onde Regeane finalmente reencontrou sua família.

Quanto ao último capítulo, sem comentários né? PERFEITO! Sem as famosas e enfadonhas cenas de casamento e nascimento de mil e um bebês e sem aquela lentidão brega que toma conta da novela neste dia. Bosco Brasil agilizou a trama até o último instante, o que nos rendeu um último capítulo emocionante e muito bacana. E, na minha opinião, deu ao vilão Niemann o pior castigo que alguém pode ter: ficar na cama para o resto da vida, sequelado e ainda ver morrer na sua frente, se atirando em uma bala que era pra ele, a filha que rejeitou anteriormente: sacada de gênio!

Nesta segunda começa Tititi. Claro que não perderei, não é? Desejo a Maria Adelaide Amaral muita força e sorte, para entrar com tudo neste conturbado horário das sete. Tem que ser autor MACHO pra escrever pra esta faixa, viu?