quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O óbvio ululante...



Silvio de Abreu dessa vez não me pegou... não mesmo! Eu já havia apontado, há alguns posts atrás, os principais problemas - na minha visão - por qual a novela passa. É verdade que a mesma vem reagindo nos números da audiência, lugar-comum para as novelas da faixa das 20h após o capítulo 100 (estamos na casa dos 120, se não me engano).

Não venho assistindo PASSIONE, mas queria falar sobre esta novela.

Por que comecei o post com aquela frase de efeito?! É simples: durante a semana passada e essa, surgiu um movimento forte para saber qual dos cinco personagens previstos morreriam. Estava bem claro: o autor já havia decidido há muito tempo qual deles matar - e acredito que o motivo da morte e seu assassino também já estejam decididos na cabeça de Silvio.

O que me surpreende é ver o autor, que foi capaz de segurar um segredo envolvendo uma trama de assassinatos em A PRÓXIMA VÍTIMA (1995) ou a explosão de um shopping em TORRE DE BABEL (1998) foi capaz de criar um joguete tão ridículo, especulando mortes como as da protagonista Diana (Carolina Dieckmann) ou do principal vilão, Fred (Reynaldo Gianechinni).

O público, aliás, aproveitou para escolher a personagem de Dieckmann como a cruz que a novela carrega, esquecendo que é a mesma que movimenta a ação em boa parte das tramas. A culpa deve-se muito mais ao personagem fraco que à interpretação de Carolina, que é uma ótima atriz.

Silvio nos brindou com uma morte óbvia e brincou novamente com seu público. Isso pode ser perigoso. O autor é capaz de tramas maiores e bem mais complexas que esta, sem sombra de dúvida. Esse fato todo, criando um grande mistério, que depois é resolvido com um final bobo e óbvio, já foi utilizado em BELÍSSIMA (2006), onde se descobriu que a grande vilã que arquitetava os planos todos da novela era a própria Bia Falcão.

Outro ponto que muito me incomoda é o tal do segredo do Gerson. Acho que já passou da hora dele ser finalmente revelado - e que venha algo que SURPREENDA! Em A FAVORITA (2008), segundo a sinopse original, o autor João Emanuel Carneiro revelou o segredo da assassina por volta do capítulo 50 - não me lembro, mas acho que foi um pouco antes ou depois -, dando ao público a possibilidade e o gosto de ver a personagem Flora, de Patrícia Pillar, se transformar numa vilã que marcou época na televisão.

O público desse tipo de novela quer ser surpreendido e pede por isso. Não adianta esfregar um vilão a novela inteira na cara das pessoas e torná-lo o grande mestre dos planos mirabolantes, quando a graça é justamente ver algum "bonzinho" se revelando inesperadamente. Gilberto Braga fez isso duas vezes, em VALE TUDO (1988) e FORÇA DE UM DESEJO (1999). O próprio Silvio, como disse anteriormente, também já o fez em suas novelas. A prova está no video abaixo.

Assistam e tirem suas conclusões.


Quero deixar bem claro duas coisas, pra terminar: não tenho absolutamente NADA contra o autor. Apenas deixo claro que esperava mais dele. Também não acho que PASSIONE seja uma novela assim tão horrível... apenas acho que ela possui uma qualidade bem abaixo do que poderia ser esperado, mas ainda vejo coisas boas, como a atuação de Gabriela Duarte - que tem me feito rolar de rir em suas cenas.

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